TODOS SOMOS ESPELHOS




Todos somos extensões do campo universal de energia ou diferentes pontos de vista de uma única entidade. Isto implica ver todas as coisas do mundo e todas as pessoas do mundo, dando-nos conta de que estamos olhando para outra versão de nós mesmos. Você e eu somos o mesmo. Tudo é o mesmo. Todos somos espelhos dos demais e devemos aprender a ver-nos no reflexo das demais pessoas. A isto chamamos espelho das relações. Através do espelho de uma relação, descubro meu eu não circunscrito. Por esta razão, o desenvolvimento das relações é a atividade mais importante de minha vida. Tudo o que vejo a meu redor é uma expressão de mim mesmo.

As relações são uma ferramenta para a evolução espiritual, cuja meta última é a unidade de consciência. Todos somos, inevitavelmente, parte da mesma consciência universal. Mas os verdadeiros avanços têm lugar quando começamos a reconhecer essa conexão em nossa vida cotidiana.

As relações são uma das maneiras mais efetivas para alcançar a unidade de consciência, porque sempre estamos envolvidos em relações. Pense na rede de relações que você mantém: pais, filhos, amigos, companheiros de trabalho, relações amorosas. Todas são, em essência, experiências espirituais. Quando você está apaixonado, romântica e profundamente apaixonado, você tem uma sensação de intemporalidade. Nesse momento, você está em paz com a incerteza. Sente-se maravilhado, mas vulnerável; sente proximidade, mas também desproteção. Você está se transformando, mudando, mas sem medo. Sente-se maravilhado. Essa é uma experiência espiritual.

Através do espelho das relações, de cada uma delas, descobrimos estados expandidos de consciência. Tanto aqueles a quem amamos como aqueles por quem sentimos rejeição, são espelhos de nós. Por quem nos sentimos atraídos? Por pessoas que têm características similares às nossas. Mas isso não é tudo. Queremos estar em sua companhia porque, subconscientemente, sentimos que ao fazê-lo nós podemos manifestar mais dessas características. Do mesmo modo, sentimos rejeição pelas pessoas que refletem as características que negamos em nós. Se você sente uma forte reação negativa em relação a alguém, pode estar seguro de que você e essa pessoa têm características em comum, características que você não está disposto a aceitar. Se as aceitasse, não lhe incomodariam.

Quando reconhecemos que podemos nos ver nos demais, cada relação se converte em uma ferramenta para evolução de nossa consciência. Graças a esta evolução experimentamos estados expandidos de consciência.

Na próxima vez que você se sentir atraído por alguém, pergunte-se o que lhe atraiu. Sua beleza, graça, elegância, autoridade, poder ou inteligência? Qualquer coisa que tenha sido, seja consciente de que essa característica também existe em você. Se você prestar atenção a esses sentimentos poderá iniciar o processo de se converter em você mais plenamente.

O mesmo se aplica às pessoas por quem sente rejeição. Ao adotar mais plenamente seu verdadeiro eu, deve compreender e aceitar suas características menos atraentes. A natureza essencial do Universo é a coexistência de valores opostos. Você não pode ser valoroso se não tiver um covarde em seu interior; não pode ser generoso se não tem um avarento; não pode ser virtuoso se não tem a capacidade para atuar com a maldade.

Gastamos grande parte de nossas vidas negando este lado escuro e terminamos projetando essas características escuras em quem nos rodeia. Você conhece pessoas que atraem sistematicamente para sua vida pessoas ‘erradas’? Normalmente, elas não compreendem porque aquilo lhes acontece uma e outra vez, ano após ano. Não é que atraiam essa obscuridade; é que não estão dispostas a aprová-la em suas próprias vidas. Um encontro com uma pessoa que não lhe agrada é uma oportunidade para aceitar o paradoxo da coexistência dos opostos; de descobrir uma nova faceta de você. É outro passo a favor do desenvolvimento do seu ser espiritual. As pessoas mais esclarecidas do mundo aceitam todo o seu potencial de luz e sombra. Quando você está com alguém que reconhece e aceita seus traços negativos, nunca você vai se sentir julgado. Isto só ocorre quando as pessoas vêem o bem e o mal, o correto e o incorreto, como características externas.

Quando estamos dispostos a aceitar o lado luminoso e o escuro de nosso ser, podemos começar a curar-nos e a curar nossas relações. Todos somos multidimensionais, omnidimensionais. Tudo o que existe em algum lugar do mundo também existe em nós. Quando aceitamos esses diferentes aspectos de nosso ser, reconhecemos nossa conexão com a consciência universal e expandimos nossa consciência pessoal.

As características que distinguimos mais claramente nos demais estão presentes em nós. Quando formos capazes de ver no espelho das relações, poderemos começar a ver nosso ser completo. Para isto é necessário estar em paz com nossa ambigüidade, aceitar todos os aspectos de nós. Necessitamos reconhecer, em um nível profundo, que ter características negativas não significa que sejamos imperfeitos. Ninguém tem somente características positivas. A presença de características negativas só significa que estamos completos; graças a essa totalidade, podemos acessar mais facilmente nosso ser universal, no que nos cerca.

Uma vez que você possa se ver nos demais, será muito mais fácil estabelecer contato com eles e, através dessa conexão, descobrir a consciência da unidade. Este é o poder do espelho das relações.

Exercício:

Pegue uma folha de caderno e anote dez qualidades da pessoa que mais admira. Agora pegue outra folha e anote dez defeitos de quem mais despreza. Volte à lista nº 01 e anote três defeitos da pessoa que mais aprecia. Agora anote, na segunda lista, três qualidades da pessoa que mais abomina. Você terá 26 características.

Analise as duas listas: marque com um círculo as características (positivas e negativas) das duas listas que mais se identificam com você. Agora volte a analisar ambas as listas e marque com um asterisco os aspectos (positivos e negativos) que não se identificam de nenhuma forma com você.
Quanto mais aceitar estas características em si mesmo, mais conhecimento terá e mais fácil será aceitar os outros. Todos os nossos relacionamentos nos servem de espelho.

Deepak Chopra


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Encontrei Luís Angel Diaz em minha busca pela inteireza do ser, que eu acredito só tornar-se possível a partir do auto-conhecimento e da liberação profunda de padrões e sistemas de crenças condicionantes e limitantes, que impedem a livre manifestação do nosso verdadeiro EU.

Luiz vive atualmente em Nevada, na Califórnia, e é o criador do processo CMR - CELLULAR MEMORY RELEASE ou “Liberação da Memória Celular”.

Em CMR é utilizada uma metodologia única onde o objetivo é educar e treinar toda a pessoa que esteja disposta a ter o controle de sua vida, para curar-se física e emocionalmente e, dessa forma:

- reduzir o stress e aumentar a vitalidade;
- curar problemas físicos e emocionais;
- mudar padrões de conduta que causam danos;
- solucionar conflitos de família ou de trabalho e para
- curar o passado doloroso que pode estar nos afetando.


O que diferencia o processo CMR de outras metodologias, é que podemos aprender de maneira muito simples e, uma vez aprendido, podemos utilizar as ferramentas por nós mesmos para melhorar, curar e modificar nossa vida, sem ter que depender de outros para fazê-lo.

O processo CMR para Liberação da Memória Celular é único, tendo em vista que acontece através da energia vital no corpo da pessoa que o pratica. Assim, nós mesmos descobrimos e utilizamos a sabedoria que já existe em nosso corpo e, como conseqüência disto nos empoderamos e crescemos em nosso próprio processo e desenvolvimento. Além disso, uma vez que aprendemos este trabalho, podemos transmiti-lo a nossos seres queridos de uma forma muito simples.

Em CMR se trabalha com a consciência de que nosso mundo interno cria nosso mundo externo e que nossa vida pode melhorar externamente na medida em que melhoramos internamente.

Para mostrar-nos que o nosso potencial e as nossas possibilidades são muito maiores do que a nossa vida está nos mostrando no momento presente, Luiz Angel Diaz disponibiliza, gratuitamente, em espanhol e em inglês, o que ele denomina E-SÉRIES GRATUITAS SOBRE CURA EMOCIONAL e memória celular.

E, com a gentil autorização de Luiz, estaremos traduzindo e disponibilizando também para você, periodicamente, as 10 E-SÉRIES completas.

Se você quiser saber mais sobre a técnica, poderá visitar o site, em espanhol: http://www.cellularmemory.org/index_spanish.php .

Postaremos hoje a primeira E-SÉRIE, logo abaixo, que é, na realidade, o oitavo capítulo do livro "La memoria en las células", de autoria de Luís Angel Diaz.

Desejo que usufruam deste material e que ele possa lhes proporcionar novos 'insights', que se tornem responsáveis por mais um passo para a Construção de Sua Nova Consciência.

ELEONÔRA


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Capítulo oitavo do livro "La memoria en las células"

Luís Angel Diaz

A BUSCA

Conectar-se com o bem-estar, com a liberdade e prazer interior é possível. Sentir a plenitude de estar em harmonia com o que lhe rodeia e a felicidade de estar vivo em cada poro de sua pele, é possível. Paradoxalmente, também é possível elevar-se e alcançar a paz através da dor, com os pés no sofrimento. Uma paz nascida da aceitação, da reconciliação com o seu próprio ser e com as transformações, da comunhão com o universo.

Se você está sofrendo, está no caminho. Se de alguma maneira existe uma parte sua que sabe, que intui que existe algo mais do que aquilo que se pode perceber com os sentidos, se você acredita que não é possível que tanta dor no mundo não frutifique em um despertar, você está no caminho.

Se você tem este livro em suas mãos, pode começar a tarefa de reconstruir o marco de sua existência. Talvez não possa transformar o que lhe sucede, mas certamente pode modificar o que lhe provoca e o que significa para você isso que lhe sucede.

Lembre: há uma inteligência incrivelmente vasta dentro de você, a mesma que opera em todo o Universo.

Quando eu era pequeno, costumava observar os adultos. A vida passava diante dos meus olhos como um filme e as pessoas mais velhas que me cercavam pareciam atores que interpretavam uma opereta e um papel. Tinha cinco anos e já experimentava o que depois eu soube que era depressão: sentia-me “pesado”, desconectado do mundo, tinha idéias suicidas. Estava dominado por uma sensação de debilidade e impotência. Estava quase sempre cansado. Cheguei a ficar com bastante sobrepeso e, constantemente, saia desses sentimentos desagradáveis ou comendo ou olhando televisão. Já naquela época, sentia bater profundamente dentro de mim a certeza de que, mais além dessa encenação, devia existir outra maneira de viver a vida. Sob uma fachada de doçura, eficiência e adaptação, germinava em mim uma dor emocional permanente. Depois, quando fui “civilizado”, “domado” pela cultura onde me coube a sorte de crescer, essa percepção passou para um segundo plano e ocorreu algo semelhante ao esquecimento. A essa altura, como costuma acontecer, já tinha aprendido a dissimular e a negar o que sentia.

Durante o longo e penoso processo através do qual me converti em adolescente, foi tomando conta de mim, paulatinamente, a certeza de que havia uma falha em mim, algum defeito irrecuperável. Entretanto, isto me trazia sentimentos confusos e contraditórios: poder ver as coisas de uma maneira diferente dos demais, estar fora dos padrões que os adultos me assinalavam fazia com que eu me sentisse “especial”, mas também com vergonha e culpa. “Quem você acredita que é?”, dizia dentro de mim uma voz que soava cada vez mais alto. Meu corpo expressava essa tensão interna através de dores no pescoço e nas costas, problemas digestivos e acidez estomacal. Os hábitos de constante ansiedade e intensa preocupação converteram-se num comportamento crônico e compulsivo.

Tinha só 17 anos e era tão grande o meu desespero, que busquei ajuda na psicanálise. Junto a Maria Lidia, uma gentil profissional com formação espiritual, não dogmática e nem religiosa, pude começar a reconhecer que, até então, tinha estado mentindo para mim mesmo. Dei-me conta de que jamais me importei de verdade com aquelas prioridades e valores familiares socialmente aceitos, como o de ser “alguém” ou o “que dirão os demais”; nem o de formar uma família, criar uma reputação ou ter muito dinheiro, como passaporte de uma vida afortunada. Foi dessa forma que, aos 21 anos, e contra todos os conselhos recebidos, abandonei a carreira de Arquitetura e me dediquei a praticar Yôga, meditação e vegetarianismo com um grupo de monges hindus. Com eles aprendi muitas coisas que me serviram em minha posterior carreira.

Paralelamente, comecei meus estudos de cura holística e medicina oriental. Esta foi uma mudança absoluta e radical, que marcou o começo de uma nova vida de criatividade, motivação e satisfação que ainda experimento hoje, vinte e cinco anos mais tarde.

Tinha 21 anos e estava aprendendo uma das mais importantes coisas que um ser humano pode aprender. Aprendi a fazer as minhas escolhas, com base naquilo que me fazia sentir bem, ao invés de fazê-las porque “devia” ou pelo que se esperava de mim. Aprendi que a fórmula perfeita para uma vida de sofrimento é viver buscando aceitação e aprovação dos demais. Desta forma, digo “sim” a eles e digo “não” a mim mesmo.

A partir de então me dediquei à busca da prometida liberação que ensinam as doutrinas orientais. Estudei e pratiquei diversos ensinamentos de cura e de despertar da consciência. Participei de inúmeros “workshops” e treinamentos. Queria expandir meus conhecimentos, aprender a melhorar minha vida e ajudar os outros a consegui-lo também.

Foi assim que estudei Shiatsu e outras disciplinas da medicina Oriental: Chi-Chi Kung, Tui Na, Nutrição, Macrobiótica, Digitopuntura, Acupuntura, Auriculoterapia, Ervas Medicinais, Homeopatia e Reflexologia.

Motivado pela paixão de seguir aprendendo e de ser mais eficaz em meu trabalho, estudei Astrologia Científica, Iridologia, Hipnoterapia, PNL – Programação Neurolinguística, Touch for Health (Toque para a Saúde) e Kinesiologia especializada, NOT – Neural Organization Technique, Técnica de Organização Neuronal, EFT – Emotional Freedom Technique, Técnica de Liberdade Emocional e outras disciplinas.


UMA TRANSFORMAÇÃO INESPERADA

Com as melhores intenções, passei vários anos submerso nos conhecimentos acadêmicos e espirituais relacionados com minha carreira, estudando diferentes cosmogonias e diversos métodos de cura. Mas, apesar de tudo, ainda não me sentia em paz comigo mesmo e nem me sentia livre. E, muito menos, feliz. Sentia-me “incompleto”, sempre estava faltando algo em minha vida.

Vários anos mais tarde, da maneira mais inesperada, uma experiência de profunda dor, tão intensa como nunca tinha sentido, detonou uma transformação que nunca tinha sonhado ser possível. Essa dor que parecia intolerável, me levou a descobrir um guia que não sabia possuir: uma presença que emanava de meu ser e impregnava meu corpo. De forma inesperada, a transformação dessa dor permitiu que descerrasse o véu e, simultaneamente, deixei de sentir a imperiosa necessidade de buscar. De alguma maneira soube que nada do que até então estivera procurando era em essência real para mim, assim como também não o era o tipo de vida que estava vivendo de forma tão aplicada. Foi então que voltou do esquecimento aquela certeza original que tinha em criança e compreendi, com todo o meu ser, que o mundo que acreditava real não o era. Pela primeira vez experimentei a sensação de estar completo. E com essa realização chegou um estado de liberação que trouxe consigo o sentimento de estar pela primeira vez em paz profunda.

A CRIAÇÃO DO CMR

Aproximadamente aos trinta anos de idade, começou a se desenvolver o meu interesse pela investigação da memória celular e se aprofundou oito anos mais tarde, quando morreu Adriana, minha companheira e esposa, com quem tive três filhos, Maria, Magdalena e Santiago.

Foi uma virada inesperada em minha vida e em minha prática profissional.

Imediatamente após ter desfalecido por causa de um aneurisma cerebral, Adriana entrou em um coma profundo do qual nunca despertaria. Ali estava eu, depois do choque inicial, como adormecido e anestesiado diante da evidência do que estava passando. Uma voz interior me perguntava uma e outra vez: “Por quê? Por quê? Por quê?” Sobre a minha cabeça sentia a pressão crescente de uma pesada coroa de ferro que apertava até tornar-se insuportável. Não podia chorar. Estava como que congelado, mas ainda fazia o possível para estar calmo.

Na sala de terapia intensiva tinha a companhia de Kelly, uma amiga muito querida, que era também uma das minhas alunas. Ela aproximou-se e me disse: “Bem, agora vamos fazer aquilo que nos tem ensinado.” Imediatamente soube do que se tratava.

Entreguei-me. Deixei de pensar e analisar, de pretender controlar, e comecei a aceitar que não sabia absolutamente nada. A permissão de sentir a dor desencadeou em mim um processo “fora do tempo”. Poucos minutos que me pareceram uma vida. Essa experiência me conduziu através de diferentes estados internos muito intensos, como a negação do que estava acontecendo, raiva e sentimentos de abandono muito profundos, terror do futuro e, paradoxalmente, culpa, muita culpa.

Finalmente, Adriana se foi, deixando-me de presente as sementes do despertar de uma nova vida. O choque que a sua perda produziu, disparou em mim o começo de um processo interno que transformou radicalmente a percepção de mim mesmo e de minha vida.

Isto ocorreu durante vários meses, quando fui descobrindo novas dimensões interiores, à medida que me permitia submergir mais e mais nos sentimentos e nas sensações corporais. No plano físico, era como se partes de mim começassem a se abrir para deixar-me acessar lugares cuja existência ignorava. Memórias de minha infância que acreditava esquecidas reapareceram nitidamente, especialmente feridas emocionais que edificaram meu sistema de crenças e da imagem de mim mesmo. E, além disso, vivências da vida intra-uterina. Pude reviver a experiência de sentir os sentimentos de minha mãe quando me levava em seu ventre. Pensei seus pensamentos e senti que seus sentimentos impregnavam todo o meu ser. Soube também, sem margem de dúvidas, que ali dentro de seu corpo tinha começado meu treinamento para chegar a ser o ser humano condicionado que cheguei a ser quando adulto.

Mas isto não terminou aí. Como uma viagem sem tempo, vieram as memórias anteriores ao útero materno e senti simplesmente o que decidi chamar “dor humana”, camadas e camadas de energia compactada em meu ser, sob uma grande pressão, antigas memórias de gerações e gerações de meus ancestrais.

Na trama dessa viagem fantástica tudo era fogo e fumaça; memórias de emoções eram absorvidas em intensos torvelinhos de energia, onde eram queimadas. Reconheci partes de mim que me causavam repulsa, lugares onde não queria ir. Soube, então, com toda a clareza, que eram exatamente nesses lugares onde teria que entrar e que neles estava a saída. Deixar-me levar através desses lugares, finalmente, abriu em mim o acesso a um lugar de total bem-estar, onde experimentei a paz, liberdade e amor incomensuráveis. Pude reconhecer-me, saber quem ou o que era a realidade. Antes de chegar a esse lugar interior tinha estado como que adormecido, quase morto.

O processo de atravessar esses espaços internos superpostos foi como a abertura de portas interiores e um ensinamento profundamente transformador. Soube que isso que estava experimentando era algo comum a todos os seres humanos e que, cedo ou tarde, todos podem abrir essas misteriosas portas.

Com o correr do tempo, o processo foi se aprofundando e também se aprofundou a aceitação de mim mesmo. Dei-me conta de que, apesar de ter estudado e praticado por quase duas décadas, não conhecia a função da dor na vida humana. Na realidade, não sabia nada sobre a dor. Era tragicômico: toda uma vida brigando contra algo que não conhecia e que, na verdade, era o que me daria uma vida nova!

Treinado para aliviar ou eliminar a dor e o incômodo, tinha combatido, resistido, rechaçado, evitado e negado a dor nos outros e em mim mesmo. Tudo o que tinha aprendido era que precisava tirá-la de cima, a todo o custo: “Se existe dor, existem erros. Se existe dor, existe um culpado. Se não encontro o culpado fora, a culpa é minha.” Não tinha me ocorrido permitir a dor e nem tornar-me seu amigo; não conhecia essa milagrosa porta. E o estado de presença é o que torna possível esse milagre; faz isto penetrando a tênue fronteira onde algo em nós passa a contemplar o que acontece no mundo que chamamos real.

A morte da minha companheira fez com que se abrisse diante de mim o mapa de meu interior e me fosse ensinado como transitá-lo. Quase sem me dar conta, fui me acostumando a estar presente no que tivesse que acontecer e a aceitar o que se apresentasse para mim. Soube que temos tudo o que necessitamos e que tudo está potencialmente latente em nosso ser, esperando ser reconhecido. Dei-me conta de que meu maior aliado é o corpo, e que há uma incrível e vasta inteligência nele impregnada e que é ativada cada vez que, conscientemente, estou presente nele.

Durante os anos de experimentação e prática de medicina holística, aprendi a conceber o ser humano como um novelo de info-energia ou de informação energética, parte indivisível de um campo eletromagnético que pode chegar a saturar com a carga emocional negativa. Com o correr do tempo, o armazenamento recorrente deste tipo de carga produz obstrução no fluido energético vital, criando um fenômeno que poderíamos descrever como compactação em forma de camadas sobrepostas. (Emoção, do latim ‘emovere’, significa ‘movimento’). Quando uma emoção é suprimida, estamos impedindo o movimento natural da energia vital. A repressão causa obstrução ou paralisia em algum lugar do campo energético e, como conseqüência, nos diferentes sistemas do organismo que se nutrem dele. As experiências de dor não processadas sufocam e reduzem a carga emocional positiva e isto conduz a uma disfunção do sistema corpo-mente. Durante toda a nossa vida usamos uma grande quantidade de força vital para suprimir emoções e manter armazenada a carga emocional negativa. O que aconteceria se tivéssemos disponível toda essa energia que usamos para reprimir? O que aconteceria se pudéssemos liberar essa carga que está bloqueada em nossas células?

Liberar a carga não é apagar a memória do evento, mas liberar a força de vida reprimida, para ser usada no crescimento e na auto-cura.

Alguns anos mais tarde chegou em minhas mãos um livro do mestre espiritual hindu Khabir e senti que suas palavras refletiam minha experiência: “Experimentei durante quinze segundos e dediquei minha vida a seu serviço”.

O TRABALHO COM O CORPO DE DOR

Depois de vários meses, quando comecei a aplicar com meus clientes o que tinha aprendido de mim mesmo, vi que funcionava maravilhosamente. Diariamente, nas consultas, aconteciam diante de mim resultados inesperados de cura e transformação nunca vistos.

Trabalhando e experimentando com eles, observei que as camadas de carga emocional negativa, acumuladas e armazenadas em nós, causam muitos desequilíbrios no corpo, na mente e na alma.

Também observei que, por outro lado, os seres humanos estão desenhados de tal forma que podem transformar muitíssima dor e que acumulá-la, como fazemos normalmente, representa algo assim como uma “aberração energética”, que nos condena a viver uma vida muito limitada e condicionada, que quase poderíamos chamar de uma vida infra-humana.

Pude ver que, debaixo dessas camadas sobrepostas de energia compactada e contraída, estava alojada em cada um de nós uma fonte de poder vital extraordinária, muito difícil de conceber para o meu entendimento lógico e racional. Ali se encontrava um estado de bem-estar difícil de descrever com palavras, ainda que hoje pudesse dizer que é uma combinação de amor próprio muito profundo, liberdade, paz interna e gozo de vida sem motivo algum.

Como era possível que cada um de nós tivesse isso em seu interior e não experimentasse? Como é possível que estejamos buscando fora quando possuímos dentro?
Imediatamente lembrei-me de uma parábola sobre um miserável mendigo que, diariamente, sentava nas ruas estendendo sua mão para os transeuntes esperando receber uma moeda. Ele não sabia que a caixa que ele usava como assento estava repleta de ouro!

Este lugar tão poderoso que chamei de centro de bem-estar é algo que todos possuímos: os bons e os maus, os sábios e os ignorantes, os espirituais e os agnósticos. É a fonte de poder que faz com que sejamos o que somos e mantém nossos corpos vivos. Ocupa-se de todas as funções vitais, de movimento, mentais e emocionais; de crescimento, de auto-cura e de reprodução. Se existimos, possuímos este centro de bem-estar. Tudo o que existe, existe porque possui esta fonte de poder que o sustenta. Em nós, seres humanos, o centro de bem-estar está sufocado por camadas e camadas de dor que foram criadas por contrações energéticas e que nos separam do estado de bem-estar. É um estado de fragmentação interior, que resulta em um estado de sonho que nos impede de ver claramente o que somos na realidade.

PARAFRASEANDO JESUS CRISTO, “É UMA PAZ QUE VAI ALÉM DE TODA A COMPREENSÃO”

Em antigas correntes espirituais este estado de sonho era chamado de estado de inconsciência ou ilusão e, os hindus o chamam de “Maya”. Quando estamos submersos nele, nós criamos o que não é real e não podemos ver o que é falso. Em algumas pessoas, o estado gerado pela fonte de bem-estar está mais acessível, porque existem menos camadas de energia compactada. Elas são mais conscientes de sua situação e podem encontrar a maneira de conectar-se voluntariamente com esse estado de ser interno. Permitir as sensações e as emoções que aparecem a cada momento, observando o que é “tal como é”, abre os portais para esse lugar interior. Permitir e aceitar o que nos acontece não significa que gostemos daquilo ou que estejamos de acordo.

Aliar-nos ao “que é”, por outro lado, estimula o estar presente em nossa vida. Esse estado de ser transcende o que está acontecendo no momento e é o que nos conecta com a matriz que sustenta tudo o que existe. Quando estamos reagindo diante do que nos acontece e resistindo, não estamos presentes. Estamos filtrando tudo através da imagem artificial que temos da vida e de como deveriam ser as coisas, segundo nos contaram. Mas, em troca, quando estamos presentes, nos aliamos à vida, e quando isto acontece, toda a criação se torna nossa amiga.

Site: CMR - Liberación de la Memoria Celular

Tradução para o português: Eleonôra

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(Desconheço o autor)

Quem não é perseguido por algum tipo de medo? O que aprendemos através da dor e das experiências difíceis, bem como o que crescemos apesar de nossos temores, só podemos apreciar em retrospectiva. Durante um momento de dor ou quando sentimos a sobrecarga de uma ansiedade opressora, percebemos somente a ausência de paz, de alegria, de segurança. Entretanto, deveríamos lembrar que nenhuma carga penosa, seja a angústia que oprime e paralisa, ou uma relação onde nos convertemos em vítimas, nos "acontece" sem o nosso consentimento - não importa o quão passivo ele tenha sido dado.

Temos a liberdade de rejeitar todas as cargas e as condições que não são sadias. Não liberar nossos pesares, aferrando-nos a eles parece ser uma característica da condição humana. Talvez só sintamos desconsolo ao lembrar as lutas que deixamos para trás, aquelas que nos levaram a situações confusas ou aquelas onde não aceitamos nossa responsabilidade nelas. Mas isto também deveria fazer-nos recuperar nossas forças e nossas possibilidades de crescer.

Não somos indivíduos indefesos e sem valor, a mercê de nossos vínculos afetivos, uma vez que somos sócios absolutos do Divino, e em todos os momentos temos direito e poder para restabelecer os termos do contrato. Não é necessária uma vontade coletiva, só é preciso o amor e o respeito a nós mesmos.

Hoje sou livre para ser quem eu quero ser.
Para me lamentar ou para lutar
Para somar ou para diminuir
Para transcender ou para permanecer
Para aceitar ou para rejeitar
Para consentir ou para limitar
Para estar em cima ou para estar embaixo.
Para ser eu a caminhar seguro pela vida ou para permitir que a vida caminhe por mim…


HOJE SOU LIVRE...
E SE TENHO UMA CARGA, A ESCOLHI... E TENHO O PODER DE RENUNCIAR A ELA...
HOJE TENHO O PODER DE ESCOLHER JOGAR-ME DE UM PRECIPÍCIO E MATAR-ME...
OU DE ESTENDER MINHAS ASAS E VOAR....
FLUIR NO AMOR E NA ENERGIA DA FONTE QUE ME CRIOU...
PORTANTO... HOJE TENHO O PODER E A LIBERDADE...
DECRETADO ESTÁ!!!

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ALEGRIA!!!


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REFLEXÕES DE OSHO ACERCA DO AMOR



“Eu chamo de materialista o homem que não conhece a arte de amar. Eu não chamo de materialista o homem que não acredita em Deus. E eu não chamo de religioso o homem que acredita em Deus. Eu chamo de religioso o homem que está crescendo em seu amor, em sua confiança – e vai espalhando seu êxtase por toda a existência”.

Osho


O AMOR É UM LUXO

Amado Mestre,
O que acontecerá ao amor se não houver nada nem ninguém para conhecê-lo e prová-lo.


O homem se torna maduro no momento em que começa a amar, em vez de precisar: ele começa a transbordar, a compartilhar; ele começa a dar. A ênfase é totalmente diferente. Com o primeiro, a ênfase está em como conseguir mais. Com o segundo, a ênfase está em como dar, como dar mais, e como dar em continuidade. Isso é crescimento, maturidade chegando até você.

Como pode uma necessidade ser amor? Amor é um luxo. É abundancia. É ter tanta vida que você não sabe o que fazer com ela; então você compartilha. É ter tantas canções em seu coração, que você tem que cantá-las – se alguém as ouve ou não, não é relevante. Se ninguém ouvir, você também terá que cantá-la, você terá que dançar a sua dança.

O outro pode receber, o outro pode deixar escapar – mas no que diz respeito a você, o amor está fluindo, está transbordando. Os rios não corem por sua causa, eles estão fluindo esteja você lá ou não. Eles não fluem pela sua sede, eles não fluem para seus campos sedentos; eles estão simplesmente fluindo. Você pode matar sua sede, você pode não aproveitar – depende de você. O rio não estava realmente fluindo por você, ele simplesmente estava fluindo. É acidental que você possa conseguir água para seu campo, é acidental que você possa conseguir água para você.

Quando você não tem amor, você pede ao outro para dá-lo a você. Você é um amor. E o outro está lhe pedindo que você dê a ele ou a ela. Agora, dois mendigos estendendo suas mãos, um diante do outro, e ambos estão esperando que os outros tenha... Naturalmente ambos se sentem frustrados no fim; e ambos se sentem enganados.

Ora, esse é o paradoxo: aqueles que se apaixonam, não tem amor algum, e é por isso que se apaixonam. E porque eles não tem amor, eles não podem dar. E uma coisa mais: uma pessoa imatura, sempre se apaixona por uma pessoa imatura, porque somente eles podem se entender. Uma pessoa madura ama uma pessoa madura. Uma pessoa imatura ama uma pessoa imatura.

O problema básico amor é primeiro se tornar maduro, então você pode encontrar um parceiro maduro; então as pessoas imaturas não o atrairão de maneira alguma. É exatamente assim, se você tem 25 anos de idade, você não se apaixona por um bebê de dois anos de idade, você não se apaixona – exatamente assim. Não acontece, não pode acontecer. Quando você é uma pessoa psicológica e espiritualmente madura, você não se apaixona por um bebê. Não acontece, não pode acontecer. Você pode ver que não tem sentido.

Na realidade uma pessoa madura não se apaixona, não “cai de amor”, ela se “eleva” em amor, a palavra “cair” não é certa. Somente as pessoas imaturas caem; elas tropeçam e caem de amor. De alguma forma elas estavam conseguindo se manter em pé. E, então, elas não conseguem se manter em pé – elas encontram uma mulher e caem, elas encontram um homem e caem. Elas sempre estiveram prontas para cair no chão e rastejar. Elas não têm espinha dorsal; elas não tem a integridade de se manter em pé sozinhas.

Uma pessoa madura tem a integridade de estar sozinha. E quando uma pessoa madura dá amor, ela se sente grata por você ter aceito seu amor, e não vice-versa. Ela não espera que você seja grato por isso – não, de jeito nenhum, ela não precisa nem mesmo do seu agradecimento. Ela o agradece por você ter aceito o seu amor.

E quando duas pessoas maduras estão se amando, um dos maiores paradoxos da vida acontece, um dos fenômenos mais bonitos: elas estão juntas e ainda assim tremendamente sozinhas; elas estão tão juntas, são quase um. Mas esta unidade não destrói a unidade de cada um; na verdade ela as realça: elas se tornam mais individuais. Duas pessoas maduras no amor, ajudam uma a outra a se tornarem mais livres. Não há nenhuma política envolvida, nenhuma diplomacia, nenhum esforço para dominar. Como você pode dominar a pessoa que você ama?

Quando você chegou em casa, quando você passou a conhecer quem você é, então um amor surge em seu ser. Então a fragrância se espalha e você pode partilhar com os outros. Como você pode dar uma coisa que você não tem? Para dá-la, o primeiro requisito básico é que você tenha.

Como você pode dar presentes quando você não tem? Isso você ouve e você entende, mas então surge um problema, porque o entendimento é apenas intelectual. Se ele tiver penetrado o seu ser, se você tiver visto a factualidade disso, nenhuma questão surgirá.

Então você esquecerá todos os seus relacionamentos de dependência e você começará a trabalhar em seu próprio ser: clareando, limpando e tornando seu centro interior mais alerta, consciente; você começara a trabalhar dessa maneira. E quanto mais você começar a sentir que está chegando uma tonalidade certa, mais você descobrirá que o amor está crescendo junto – é uma conseqüência.

Ele não precisa ser reconhecido: ele não precisa nenhum reconhecimento, não precisa de nenhum certificado, não precisa de ninguém para prová-lo. O reconhecimento do outro é acidental, não essencial, para amor; o amor continuará fluindo. Ninguém o prova, ninguém o reconhece, ninguém se sente feliz, deleitado por causa dele – o amor continuará fluindo, porque no próprio fluir você se sente tremendamente alegre. No próprio fluir... quando sua energia está fluindo.

Você está sentado num quarto vazio e a energia está fluindo e enchendo o quarto vazio com seu amor; ninguém está lá – as paredes não dirão “obrigado” – ninguém para reconhecê-lo, ninguém para prová-lo. Mas isso não importa, absolutamente. Sua energia está sendo liberada, fluindo... você se sentirá feliz. A flor fica feliz quando a fragrância é liberada aos ventos; se os ventos o sabem ou não, não importa.

Eu sou. Eu sou. Se os discípulos estão aí ou não, é irrelevante; eu não sou dependente de vocês. E todo o meu esforço aqui é que vocês também se tornem independentes de mim.

Eu estou aqui para lhes dar a liberdade. Eu não quero aleijá-los, de maneira alguma; eu quero simplesmente que vocês sejam vocês mesmos. E no dia em que você se tornar independente de mim, você será capaz de me amar realmente – não antes disso.

Eu amo vocês. Não posso evitá-lo. A questão não é se eu posso amá-los ou não, eu simplesmente os amo. Se vocês não estiverem aí, esse auditório estará cheio de amor, não fará nenhuma diferença. Essas árvores ainda estão recebendo meu amor, esses pássaros continuarão recebendo-o. E mesmo que todas as árvores e todos os pássaros desapareçam, isso não fará diferença alguma – o amor ainda estará fluindo. O amor é; então, o amor flui.

O INIMIGO REAL DO AMOR

Em lugar do medo, viva o amor; eles são pólos opostos. As pessoas geralmente acham que o amor e o ódio são opostos; isso é errado, eles não são. O amor e o ódio são a mesma energia. O amor pode se tornar ódio, o ódio pode se tornar amor; eles são conversíveis. Então eles não são opostos, são complementares.

Na realidade nós amamos e nós odiamos a mesma pessoa: o amor e ódio estão sempre juntos. A oposição real é entre o amor e o medo. Eles nunca estão juntos; se você se tornar muito apegado ao medo, o amor desaparece. O medo não pode ser convertido em medo; eles não são conversíveis.

Somente o amor torna alguém rico. O medo aleija, paralisa, e quanto mais paralisado, mais medroso você se torna; então é um círculo vicioso. O amor lhe da asas, ajuda-o a relaxar na vida, lhe dá coragem para experimentar a vida de maneiras diferentes. Permite-lhe todo o espectro da vida, é multidimensional. É o arco-íris inteiro, todas as cores da vida. Então a primeira coisa: abandone o medo e beba mais e mais amor, substitua o medo por amor.

E a segunda coisa: pense no céu, na vastidão; pense na liberdade, no infinito. Não pense em coisas pequenas, triviais. O medo sempre pensa em coisas pequenas; o amor nunca pensa em coisas pequenas. O amor está pronto para sacrificar tudo; o amor pensa somente no vasto. É uma águia no vento, a procura do desconhecido.

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A ARTE DE SE MARAVILHAR


Entre todos os presentes que ganhamos ao nascer, a capacidade de perceber a beleza do mundo é o mais precioso. Com os olhos, apreciamos cenas e vistas maravilhosas. Com os ouvidos, escutamos canções e melodias tocantes. Com o toque e o paladar, descobrimos e saboreamos delícias infinitas. Os sentidos são dotados de um poder oculto capaz de fazer inveja a qualquer mago ou feiticeiro.

A varinha de condão que espalha o pó mágico sobre tudo que as pessoas ouvem, tocam e vêem se chama atenção.

A coisa mais maravilhosa da atenção é sua fluidez. Como a água, ela flui sem esforço a partir da fonte original, em algum ponto da mente. Mesmo que, na maior parte do tempo, a atenção apenas toque com suavidade a superfície das coisas, dando-lhes um tom agradável, ela pode também penetrar nos mais recônditos cantinhos, destacando detalhes mínimos sob sua poderosa lente de aumento.

A atenção permite que se perceba a beleza de um terreno baldio, de uma ponte, de um estacionamento, até de uma parede nua. Também é capaz de revelar a você o que ninguém mais vê: o som das folhas voando na brisa, a determinação da velhinha que atravessa um cruzamento movimentado, as cores dos guarda-chuvas coloridos dançando sobre a multidão.

Já quando a pessoa fica absorta em si mesma ( e se transforma em refém de seu diálogo interior), a realidade do dia-a-dia fica muito banal. Sem dar atenção às coisas, tudo se torna uma mancha, um nada – um “e daí?”.

A caminho do encontro com a amada, você ensaia mentalmente o que vai dizer. Num restaurante de luxo, lê o longo cardápio. Ao chegar em casa, verifica as mensagens na secretária eletrônica. Absorto em seus pensamentos, não observa o que acontece em sua volta. E por que deveria? Em seu modo de ver, não está acontecendo nada.

Mas espere! Tem certeza de que nada acontece? Ou será que o que você considera “nada” não é o prelúdio de alguma coisa muito importante?

- o silêncio da igreja antes de a noiva dizer o “sim”;
- o suspense antes de a cortina subir;
- a pausa antes do primeiro aplauso;
- o momento de respirar fundo antes de assinar um contrato de aluguel;
- o tapinha em seu ombro antes de se virar;
- o suspiro do bebê ao adormecer;
- o silêncio que precede as primeiras notas da sinfonia.

Antes de a orquestra começar a tocar, o regente ergue a batuta para criar o que, em linguagem musical, se chama anacruse – uma nota fraca que precede uma forte. Da mesma forma, cada momento pode ser interpretado como uma nota sutil, um breve intervalo entre o que era e o que está por vir.

Para descobrir as maravilhas da vida, você só tem de se imaginar erguendo a batuta do regente. Com esse gesto mental, estará prestando atenção ao mundo.

Instantaneamente, tudo entra em foco: o livro sobre a mesa, a panela no fogão, as flores no vaso. É o momento mágico, um místico ponto de partida, como o “era uma vez” que dá início a todos os mitos e fábulas.

Véronique Vienne

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A ARTE DE SER ALEGRE


Neste mundo, as pessoas podem se considerar premiadas apenas por existirem. A alegria é seu direito inato. Aqui e ali, ao longo da vida, você vai se sentir alegre sem nem saber porque e às vezes até quando não convém.

Mas c’est la vie! Joie de vivre, como dizem os franceses, é a pura alegria de viver – uma forma de contentamento que ignora a racionalidade.

Não precisamos estar felizes para experimentar um instante de leveza. Acontece quando estamos irritados, cansados, tristes ou preocupados. Basta um pequeno incentivo e, sem mais nem menos, nos sentimos felizes por estarmos vivos e agradecidos pelo amor que carregamos no coração.

Às vezes, é um senhor simpático que se senta a seu lado no trem e lhe sorri. Ou então um fabuloso par de botas que você experimentou. Ou ainda a visão gloriosa das folhas vermelhas de outono contra um céu cinzento de tempestade. De repente, por um breve instante, você se sente emocionalmente pleno, em paz consigo mesmo.

Realizações e sucessos pessoais raramente são motivos para alguém sentir essa forma de felicidade. Na verdade, a natureza inexplicável da alegria de viver é parte de sua própria atração. Misteriosamente, a pessoa se sente envolvida no espetáculo da vida que se desenrola bem a sua frente.

Há quem seja surpreendido por uma explosão de alegria no exato momento em que enfrenta uma situação difícil no trabalho, quando tem de tomar uma decisão complicada ou se recupera de um revés sentimental. Para sentir-se feliz, basta um inesperado dia ensolarado, o olhar de admiração de alguém do outro lado da sala, um trecho de poesia, o convite de um ex-chefe para almoçar e pôr a conversa em dia.

O presente da alegria instantânea é parte tão integrante da natureza humana que mesmo o mais cínico dos mortais não está imune a ele. Já notou a forma como os alarmistas insistem em suas opiniões pessimistas? Provavelmente sentem prazer nisso. E, para dizer a verdade, eu e você também tiramos às vezes certa satisfação romântica de nossos mais indulgentes acessos de autopiedade.

De vez em quando, gostemos ou não, o cérebro é inundado por substâncias químicas de bem-estar – a recompensa da natureza por suportarmos os problemas do mundo.

Portanto, em vez de mostrar alegria quando não há motivo algum para isso, dê-se uma pausa. Não force um sorriso. Em vez disso, olhe em volta e abra-se ao que vê.

Observar pessoas vai pôr fim à tristeza mais rapidamente que tomar um remédio. A joie de vivre, afina, foi inventada pelo mesmo povo que nos deu a moda básica e os cafés ao ar livre.

Mas ninguém tem de ir a Paris para encontrar joie de vivre. Lugares públicos são uma fonte de alegria instantânea. Em seu quarteirão, pet shops, cabeleireiros e padarias são locais onde acontece esse tipo de encontro que faz subir os cantos da boca. Outros lugares propícios são museus, feiras, saguões de hotel, aquários e bibliotecas.

Uma pessoa nunca sabe quando será contaminada por uma doce efervescência. Essa emoção pode ser disparada pelo olhar de expectativa de um cachorro quando o dono diz “vamos”. Por um adolescente com o cartaz “bem-vindo, papai” no aeroporto. Ou pela garotinha com seu melhor vestido sentadinha sobre a mala, na rodoviária.

Cuidado: sentir-se triste nunca é desculpa para perder a chance de ficar alegre.

Véronique Vienne

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O SONHO E O MEDO


O problema reside no programa, na informação que armazenamos em nossa mente. Uma vez captada a atenção das crianças, ensinamos a elas uma linguagem, ensinamos a ler, a comportar-se e a sonhar de uma forma determinada. Domesticamos os seres humanos da mesma maneira que domesticamos um cãozinho ou qualquer outro animal: com castigos e prêmios. Isto é perfeitamente normal. O que chamamos de educação não é outra coisa senão domesticar o ser humano.

A princípio temos medo de que nos castiguem, mas mais tarde também temos medo de não receber a recompensa, de não ser suficientemente bons para nossa mãe ou nosso pai, ou para um irmão ou para um professor. Assim nasce a nossa necessidade de sermos aceitos. Antes disso não nos importa se somos ou não. As opiniões das pessoas não são importantes e não são porque só queremos brincar e viver no presente.

O medo de não conseguir a recompensa se converte no medo de ser rechaçado. E o medo de não sermos suficientemente bons para outra pessoa é o que faz com que busquemos a mudança, o que nos faz criar uma imagem. Imagem que tentamos projetar de acordo com o que desejam que sejamos, apenas para sermos aceitos, apenas para receber o premio. Deste modo aprendemos a fingir que somos o que não somos e perseveramos sendo outra pessoa com a única finalidade de ser suficientemente bons para mamãe, papai, o professor, nossa religião ou quem quer que seja. E com este objetivo agimos incansavelmente, até que nos convertemos em mestres de ser o que não somos.

Logo esquecemos quem somos realmente e começamos a viver nossas imagens, porque não criamos uma só, mas muitas diferentes, de acordo com os diferentes grupos de pessoas com quem nos relacionamos. Uma imagem para casa, uma para o colégio, e quando crescemos, outras tantas mais.

E isto funciona da mesma maneira quando se trata de uma simples relação entre um homem e uma mulher. A mulher tem uma imagem exterior que tenta projetar aos demais, e quando está só, uma outra imagem de si mesma. O mesmo acontece com o homem, que também tem uma imagem exterior e outra interior. Quando chegam à idade adulta, a imagem interior e a exterior são tão diferentes que quase não se correspondem. E como na relação entre um homem e uma mulher existem ao menos quatro imagens, como é possível que cheguem a se conhecer de verdade? Não se conhecem. A única possibilidade é tentar compreender a imagem. Mas é preciso considerar mais imagens.

Quando um homem conhece uma mulher, faz uma imagem própria dela, e por sua vez, a mulher faz uma imagem do homem a partir do seu ponto de vista. Então ele tenta conseguir que ela se ajuste à imagem que ele mesmo criou e ela tenta que ele se ajuste à imagem que fez dele. Agora, entre eles existem seis imagens. Evidentemente, ainda que não saibam, estão mentindo um para o outro. Sua relação se baseia no medo, nas mentiras, e não na verdade porque se torna impossível ver através de toda essa bruma.

Quando pequenos não experimentamos nenhum conflito porque não objetivamos ser o que não somos. Nossas imagens não mudam realmente até que começamos a nos relacionar com o mundo exterior e deixamos de ter a proteção de nossos pais. Esta é a razão porque a adolescência é particularmente difícil. Ainda no caso de estarmos preparados para sustentar e defender nossas imagens, tão logo tentamos projetá-las ao mundo exterior, este as rechaça. O mundo exterior começa a demonstrar, não apenas em âmbito particular, mas também publicamente, que não somos o que objetivamos ser.

Este seria o caso, por exemplo, de um menino adolescente que aparenta estar muito pronto. Participa de um debate no colégio, e, nesse debate, alguém que é mais inteligente, e que está mais preparado, o supera e o deixa em uma posição ridícula diante de todo o mundo. Em seguida ele tenta explicar, desculpar-se e justificar sua imagem diante de seus companheiros. Mostra-se muito amável com todos e tenta salvar essa imagem diante deles, mesmo sabendo que está mentindo. É claro, faz todo o possível para não perder o controle diante deles, mas tão logo se encontra só e se vê refletido em um espelho, sente-se um caco. Odeia a si mesmo; sente-se verdadeiramente estúpido e crê que é o pior. Existe uma grande discrepância entre a imagem interior e a imagem que tenta projetar para o mundo exterior. Pois bem, quanto maior é a discrepância, mais difícil torna-se a adaptação ao sonho da sociedade e menos amor tem para ele mesmo.

Entre a imagem que objetivou ser e a imagem interior que tem de si mesmo quando está só, existem mentiras e mais mentiras. Ambas as imagens estão completamente distantes da realidade; são falsas, mas ele não é consciente disto. Talvez outra pessoa o advirta, mas ele está totalmente cego. Seu sistema de negação tenta proteger as feridas, mas elas são reais e sente dor porque tenta defender essa imagem por todos os meios.

Desde criança aprendemos que as opiniões de todas as pessoas são importantes e dirigimos nossa vida conforme essas opiniões. Uma simples opinião de alguém, ainda que não seja certa, é capaz de fazer-nos cair no mais profundo dos infernos: «Como estás feio. Estás equivocado. És um estúpido». As opiniões têm um grande poder sobre o comportamento absurdo das pessoas, que vivem em um inferno. Por esse motivo necessitamos ouvir que somos bons, que estamos fazendo bem, que somos belos. «Como estou? Estava bem o que disse? Como estou fazendo?»

Necessitamos escutar as opiniões dos demais porque estamos domesticados e essas opiniões têm o poder de manipular-nos. Por isso buscamos o reconhecimento nos outros; necessitamos o apoio emocional de todos; ser aceito pelo sonho externo através dos demais. Esta é a razão porque os adolescentes ingerem álcool, se drogam ou começam a fumar. Apenas para serem aceitos por outras pessoas que opinam que isso é o que tem que ser feito; apenas para que essas pessoas considerem que eles estão «na onda».

Mas todas essas falsas imagens que buscamos projetar provocam um grande sofrimento em muitos seres humanos. As pessoas objetivam ser muito importantes, mas, ao mesmo tempo, acreditamos que não somos nada. Colocamos muito empenho em ser alguém no sonho dessa sociedade, em ganhar reconhecimento e em receber a aprovação dos demais.

Fazemos um grande esforço para ser importantes, para triunfar, para sermos poderosos, ricos, famosos, para expressar nosso sonho pessoal e impor nosso sonho para as pessoas que nos rodeiam. Por quê? Porque acreditamos que o sonho é real e o levamos muito a sério.

D.MIGUEL RUIZ
Tradução para o português: Eleonôra

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